Composteira doméstica: para que serve e como fazer?

Composteira doméstica: para que serve e como fazer?

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Com o crescimento das grandes cidades, fica cada vez mais difícil encontrar espaço para atividades que outrora eram comuns ao dia a dia, tais como jardinagem. Consumir da própria plantação é ideal para quem busca uma alimentação livre de agrotóxicos e uma atitude sustentável, além de ser um exercício manual relaxante.

Ter plantas bonitas e saudáveis está longe de ser uma tarefa simples, elas exigem ao menos 4h de sol, cuidado com a quantidade de água e adubo. A composteira doméstica é um diferencial que tem tudo para agregar ao cultivo, mas há quem não saiba nem por onde começar. Por isso, conversamos com Cláudio Spínola, sócio diretor da Morada da Floresta, empresa que desenvolve projetos e oferece cursos, oficinas, palestras e atividades nas áreas da Sustentabilidade, Permacultura, Alimentação Consciente, Partos Naturais, Convivência Comunitária e outros; confira.

Exemplo de composteira, modelo Humi, desenvolvida e vendida pela Morada da Floresta. Foto: Cláudio Spínola.

O que é composteira doméstica?

A composteira é um processo biológico de valorização e reciclagem da matéria orgânica em caixas onde minhocas e microorganismos transformam resíduos de origem doméstica, gerados na cozinha e quintal, em adubos.

Como fazer uma composteira doméstica vertical

Comumente se recomenda o uso de três caixas de plástico do mesmo tamanho, uma em cima da outra, na vertical - para otimização de espaço. Também é possível usar caixotes de madeira, forradas internamente com plástico; baldes ou latas de tinta.

O recipiente de baixo é a caixa coletora, que de preferência deve ter torneira; ela será responsável por coletar o líquido que escorre dos resíduos orgânicos, conhecido também como chorume orgânico, que nada mais é do que excesso de líquido presente nos alimentos. Basta diluir uma parte de composto líquido em 10 partes de água para regar as plantas.

As duas caixas de cima são as caixas digestoras; é preciso que faça furos para escoamento com a broca 4 ou broca 5. Na tampa e na lateral das caixas, utilize a broca 1 ou 1,5, para ajudar na circulação de oxigênio.

Na primeira caixa digestora, de baixo para cima, disponha até dois dedos de altura com húmus de minhoca, terra adubada ou terra de compostagem com serragem grossa. A forração é o que Cláudio chama de “cama de minhocas”, um ambiente neutro e seguro, que não vai sofrer variação de temperatura da fermentação e nem qualquer outra alteração brusca que possa prejudicá-las.

Na segunda caixa digestora, de baixo para cima, disponha os mesmos elementos mais as minhocas californianas, espécie também conhecida como minhoca vermelha. E pronto, basta colocar a tampa.

Como manter a sua composteira doméstica

Apesar de não ser exatamente uma regra, Cláudio Spínola afirma que para ter um adubo de melhor qualidade, as composteiras precisam ter minhocas, assim, é interessante que se coloque produtos nutritivos como cascas de verduras, legumes e frutas.

Disponha os restos em um canto da terra, na última caixa, de baixo para cima; não espalhe sobre a superfície por completo, cubra com serragem grossa ou outro elemento seco como folhas ou grama seca. Esse é o segredo para não atrair insetos e evita o mau cheiro.

Não é recomendado que se coloque carnes ou derivados, fezes de gato ou cachorro, papel higiênico e óleo, e nem itens que não serão comportados, tais como plástico e metal e resíduos contaminantes. O ideal é que seja disposto menos de 20% do volume total de alimentos cozidos e cítricos (especialmente o limão). Existe uma adubação ideal para cada tipo de planta, porém é possível aproveitar essa receita e agradar a maioria.

As caixas digestoras são trocadas quando estão cheias. O ideal é que em uma composteira com duas caixas digestoras, cada uma leve ao menos um mês para ser preenchida completamente, ou seja, quando a caixa de cima encher, você inverterá a posição: a de cima trocará de lugar com a do meio. O ciclo deve ter duração de 2 meses, no mínimo.

Como aproveitar a terra adubada após compostagem

A dica de Cláudio é que na hora de recolher a terra adubada da composteira você exponha a caixa no sol e vá raspando a terra da superfície até chegar aos dois dedos de altura para uma nova “cama de minhoca”. Com a luz solar, as minhocas vão mergulhando para o fundo da terra, dessa forma você evita tirá-las sem necessidade do sistema de composta.

Outra sugestão para potencializar a absorção de propriedades é usar tanto o húmus de minhoca como o composto líquido. Do composto líquido as plantas absorvem os nutrientes mais rapidamente, e do húmus a absorção dos nutrientes é mais lenta.

Por fim, Cláudio dá uma dica para os iniciantes. "Se tratando de plantio ou da compostagem, a melhor dica é não desistir. Uma vez que se torna um hábito, tudo fica mais fácil”.